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18.11.2014 - 17:09
Desigualdade no mercado de trabalho diminui para os negros

Maior participação no mercado de trabalho, aumento do rendimento e do nível de escolaridade dos negros na Região Metropolitana do Recife (RMR) são os indicadores apontados pelo boletim especial de Pesquisa de Emprego e Desemprego dos Negros no Mercado de Trabalho na RMR. Realizada pela Secretaria de Trabalho, Qualificação e Empreendedorismo (STQE), em parceria com a Agência Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco - CONDEPE/FIDEM e com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – DIEESE, o estudo aponta que, em 2013, os negros representavam 74% da População em Idade Ativa (PIA) e da População Economicamente Ativa (PEA), enquanto que pouco mais de um quarto destes contingentes era formado pela mão de obra não negra.

A taxa de desemprego total na Região Metropolitana do Recife cresceu tanto para o segmento de negros (de 12,6% para 13,5%), quanto para os de não negros (de 10,5% para 11,6%), entre 2012 e 2013. Apesar do aumento da taxa de desemprego para ambos os segmentos, nos últimos dez anos, os negros apresentaram uma melhora na participação do mercado de trabalho na RMR. Entre 2004 e 2013, a proporção de assalariados com carteira de trabalho assinada no setor privado, tanto para o total de assalariados, quanto para os segmentos de assalariados negros e não negros, aumentou de 33% para 46%. Ao mesmo tempo, houve reduções nas proporções de assalariados públicos (de 13,6% para 12,1%), autônomos (de 25,5% para 19,7%), empregados domésticos (de 8,5% para 7,3%) e demais posições (7,8% para 6,8%). “A formalização foi beneficiada de maneira geral, mas essa proporção de crescimento dos negros na ocupação foi um dos pontos mais importantes na pesquisa”, comentou o coordenador da PED pelo Dieese, Jairo Santiago.

Em relação à composição setorial da ocupação os negros acompanharam o padrão verificado para os trabalhadores não negros, concentrando-se no setor de serviços. No entanto, a presença dos trabalhadores não negros nesse setor foi relativamente superior à dos negros. Em 2013, 57,5% dos ocupados negros estavam no setor de serviços, contra 61,2% dos ocupados não negros. No Comércio e reparação de veículos, segundo setor com maior participação relativa na distribuição dos ocupados na região, a proporção de negros permaneceu praticamente estável, entre 2012 e 2013. A proporção de negros nesse setor foi relativamente maior do que a dos não negros (21,8% contra 20,9%). Na Construção verificou-se a maior participação dos negros (9,6%) se comparada a dos não negros (6,9%), atividade onde predomina postos de trabalho com menores exigências de qualificação profissional, menores rendimentos, relações de trabalho mais precárias, por consequência, menos valorizadas, e elevadas jornadas de trabalho.

Os sinais de melhoria entre a composição do mercado de trabalho para os negros manifestaram-se também em relação ao crescimento da renda do trabalho. Entre 2012 e 2013, o rendimento dos ocupados negros teve um aumento de 4%, enquanto que os não negros houve redução de 0,9%. Para os negros, os maiores crescimentos nos rendimentos médios reais por hora ocorreram no Comércio (de R$ 4,52 para R$ 4,82, ou 6,6%) e nos Serviços (de R$ 6,15 para R$ 6,43, ou 4,6%).Na Indústria de Transformação, que apresenta níveis de formalização maiores que os demais segmentos, e na Construção as expansões foram menores, 0,8% e 1,7%, respectivamente.

A diferença do nível de escolaridade entre negros e não negros também foi um resultado positivo no último decênio, segundo a PED. Os ocupados negros com ensino médio completo e superior completo estão mais presentes no mercado de trabalho na RMR, influenciados, em grande parte, pela nova dinâmica econômica da região e a incorporação de novas cadeias produtivas nos últimos anos.  “Esse é um destaque fundamental na pesquisa, que mostra essa mudança educacional, com crescimento da escolaridade mais alta e decréscimo das escolaridades mais baixas, como o analfabetismo e o ensino fundamental incompleto e completo”, avalia Jairo Santiago.

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